quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Historiador - O tecelão dos tempos

        O trabalho dos historiadores não pode ser comparado com um processo de produção mecanizado, como em uma fábrica, por exemplo. Nós, em nosso ofício, não fabricamos a História da mesma maneira que um conjunto de operários fabrica um veículo. O fato passado é algo imutável, complexo e obscuro, portanto, com essa imutabilidade, não podemos dizer que a História é produto criado pelos historiadores. Além disso, o termo fábrica implica em uma série de outros fatores que não condizem com o que deve ser o trabalho historiográfico, como divisões de trabalho e relações de poder, por exemplo. Tais fatores excluiriam o caráter impessoal do historiador. Por outro lado, a complexidade e a obscuridade presentes na história abrirão uma nova perspectiva ao seu trabalho: ao invés  de operário “fabricante da história”, o historiador será considerado um tecelão do passado. O seu trabalho consiste em unir os fatos e instrumentos soltos do passado, reorganizando-os segundo um raciocínio lógico através de uma linha norteadora. No entanto, são necessários vários “tecelões da história” para que assim, eles nos proporcionem uma ampla visão a respeito do passado, pois apenas um tecelão não é capaz de confeccionar essa enorme colcha chamada “História”.      
          Levando-se em consideração o trabalho minucioso e por isso vagaroso do historiador, a comparação do seu trabalho com o artesanato praticado pelo tecelão é a mais adequada. Muitas vezes, este trabalho artesanal do Historiador não possui o reconhecimento compatível com todo o seu esforço. A liberdade e o desapego às maquinações do presente devem estar inseridos no trabalho historiográfico, não devendo o historiador prender-se aos novos instrumentos tecnológicos, mas sim utilizá-los como pontos de apoio ao seu trabalho. Reconstruir o passado é uma arte, a qual requer paciência, tempo e, acima de tudo, dedicação por parte do historiador. Ele desempenha um papel fundamental para a sociedade atual e também para aquelas vindouras, no sentido de fazê-las conhecer o seu passado, as suas origens e consequentemente a si mesmas.

A Guerra Fria e a Crise dos Mísseis

Capa da revista Veja - Outubro de 1962
   Alguns historiadores defendem que o início da Guerra Fria se deu no término da Segunda Guerra Mundial, com as explosões em Hiroshima e Nagasaki, enquanto outros afirmam que o seu início se deu com a Doutrina Truman, em fevereiro de 1947 havendo também os que defendem a idéia de que o período teve o seu início com a divisão da Alemanha em outubro de 1949.
         Esse período foi marcado pela disputa ideológica ocorrida entre os EUA, que defendiam o capitalismo e a URSS, defensora do socialismo. Alguns dos principais fatores importantes nessa disputa foram os meios de comunicação, como o cinema e a música, por exemplo. Os socialistas defendiam a existência de uma sociedade igualitária, com a presença preponderante do Estado, o qual distribuiria igualmente as riquezas entre todos os cidadãos. Os capitalistas defendiam o ideal da liberdade e felicidade individual de cada cidadão, o qual deveria adquirir livremente a sua ascensão. Esses eram os dois discursos utilizados por capitalistas e socialistas e que possuíam bastante difusão nos meios de comunicação, os EUA obtiveram vantagens nesse aspecto por possuírem uma forte indústria cinematográfica. Um exemplo é o desenho animado dos Thudercats: Lion, defensor do bem, que com sua espada possui visão além do alcance, ostenta as cores da bandeira americana – o azul e o branco na roupa, e o vermelho nos seus cabelos de fogo. Já Mun-ra, símbolo máximo dos antigos espíritos do mal, é uma múmia que veste uma capa vermelha, a cor dos comunistas. Entretanto, a batalha entre as forças do bem e do mal não ocorre na terra de Lion e tampouco na de Mun-ra, mas em um planeta chamado Terceiro Mundo.
          A disputa entre URSS e EUA se deu em vários aspectos, além desse ideológico. A busca pela demonstração de poder em todos os aspectos fez com que as questões política, militar e econômica estiveram sempre presentes durante o confronto. Nesse intuito de demonstração de poder, ocorreu por parte das duas potências a alimentação de conflitos em outros países. Não apenas por esse motivo, mas também por que os dois blocos possuíam a convicção de que as suas armas nucleares poderiam provocar um desastre mundial, por esse motivo evitaram ao máximo o confronto direto. Desse modo, ocorreram alguns conflitos nesse período, os quais contaram com a participação indireta dos soviéticos e norte-americanos: guerra da Coréia e guerra do Vietnã.
          Nesse contexto de influências soviéticas e norte-americanas, estava incluso o país de Cuba e nele ocorreu a chamada Crise dos Mísseis (1962). Os russos chamam o episódio de “crise caribenha” e os cubanos a denominam “crise de outubro”. Os norte-americanos haviam instalado mísseis nucleares em território turco, sendo que esses mísseis possuíam capacidade para alcançar o território soviético. Além disso, Cuba também havia sido invadida pelo exército norte americano. Em resposta a esses atos, os soviéticos instalaram mísseis em Cuba, sendo que era possível que eles atingissem qualquer parte do território dos Estados Unidos. Esses mísseis foram fotografados durante um vôo secreto norte americano. O clima ficou muito tenso, não apenas nos EUA, mas também em todo o mundo. As armas nucleares das duas potências possuíam a capacidade de destruir todo o mundo. Os norte-americanos preparavam-se para os ataques nucleares e viviam sob extrema tensão, como tão bem aponta o filme “Treze dias que abalaram o mundo”. 
Capa do filme - Treze dias que abalaram o mundo
        Após a iminente ameça de uma guerra nuclear, EUA e URSS, cientes da destruição que um conflito de tais proporções poderia causar, entraram em um acordo. Os soviéticos deveriam retirar seus mísseis de Cuba e os norte americanos fariam o mesmo em relação aos que estavam na Turquia. Os soviéticos cumpriram a sua parte, mas os norte americanos não retiraram todos os seus mísseis da Turqui. Cuba também saiu vitoriosa ao final do episódio, pois teve a garantia de que não seria invadida pelos EUA.